
Talvez, ela tenha sido por alguns instantes, a mulher mais linda do mundo.
Talvez, ela tenha sido por muito tempo, a mulher mais importante em minha vida.
Talvez tenhamos sido apenas um ledo engano;
Fato é que nos desnudamos entre o tremor da alma e a fome da carne.
Fato é que fui seu primeiro e ela minha primeira.
Fato é que fomos "um só", pela primeira vez, juntos;
Em seus seios passeei minha boca,
Em seus olhos refleti meu fogo,
Em meu peito ela deitou seu rosto;
Entre o medo e o desejo ela se ofereceu a mim,
Entre a timidez e a inocência a Mulher despertava,
Entre suas pernas, eu - tolo atapalhado-, nos iniciava...
Eram minhas as digitais sob o vestido.
Eram delas as digitas sobre a epiderme.
Eram nossos, os sussurros noite adentro...
Não foi nossa única,
Não foi nossa última,
Foi nossa primeira, vez.
A primeira vez de tanto tempo
A primeira noite de tantos anos
A última saudade sinto agora, do que éramos e já não somos;
Hoje, não somos mais um do outro
Hoje, nosso fogo é alheio
Hoje, os adolescentes cresceram e adultos, nem se falam.
Seus seios, de outra boca
Minha boca, de outros corpos
Nossos corpos, de outros sonhos.
sonha ela em outros peitos...
Nos fizemos
nos descobrimos
e nos perdemos...
Mas fomos e seremos
um do outro,
os intensos,
os primeiros.
Evoé!*
EDNALDO TORRES FELÍCIO
30/08/08
*evoé
do Lat. evoe < Gr. euví
interj.,
grito, brado das bacantes em honra de Dionísio (Baco), por ocasião das orgias.