18/10/2009

ISSO NÃO É UMA METÁFORA

Dentro dela tem outra vida
E isso não é uma metáfora.

Dentro dela tem um pouco de mim
que está se desenvolvendo
E isso não é uma metáfora.

Ela agora são dois
E isso não é uma metáfora.

Estou completamente bobo
com ela e com o que está dentro dela.

E ISSO NÃO É UMA METÁFORA!


EDNALDO TORRES FELÍCIO

16/10/2009

PECADO
















Há pecados que escondemos
debaixo dos escombros e da destruição
No escuro os encontramos
e deliciamos sua tentação

Pecados guardados quietos
por medo grande da inquisição
que é nossa consciência sem afeto
anjo torto sem perdão

São erros repetidos sem verso,
sem prosa, sem alma, sem emoção
São defeitos de um projeto
que não nos deixa ser a perfeição

Tolos, dormimos entre o sonho
entre a alma e a perdição
quais poetas de botecos
entre letras soltas e solidão.

Pecados sob a lua
sob a pele
sob alma.
Nu(m) alçapão

Pecados desalmados
nos fazendo mais cão
menos gente, menos luz
mais bicho, menos razão

Pecados que se repetem
e nos repelem da amplidão

Mas gostamos tanto de pecar...
E noite após noite
nos encontramos com eles
agradecendo a Lúcifer pela tentação.

Nossa alma já perdida
sem rumo ou direção
saciada de pecado
se afasta da salvação

Somos filhos do Pecado
deliciados de imperfeição
Predadores de nós mesmos
demônios a esmo na escuridão

Noite a noite se escuta
a voz do pecado na multidão
Sereia que canta nua
Convidando os tolos à maldição.

Há pecados que escondemos
debaixo dos escombros e da destruição
Há pecados proibidos que queremos
repeti-los à exaustão.

Pecados...


EDNALDO TORRES FELICIO
pecador?

06/10/2009

AO MEU PAI (84 ANOS)




Menino Guerreiro:
GONZAGUINHA

Um homem também chora
Menina morena
Também deseja colo
Palavras amenas...

Precisa de carinho
Precisa de ternura
Precisa de um abraço
Da própria candura...

Guerreiros são pessoas
Tão fortes, tão frágeis
Guerreiros são meninos
No fundo do peito...

Precisam de um descanso
Precisam de um remanso
Precisam de um sono
Que os tornem refeitos...

É triste ver meu homem
Guerreiro menino
Com a barra do seu tempo
Por sobre seus ombros...

Eu vejo que ele berra
Eu vejo que ele sangra
A dor que tem no peito
Pois ama e ama...

Um homem se humilha
Se castram seu sonho
Seu sonho é sua vida
E vida é trabalho...

E sem o seu trabalho
O homem não tem honra
E sem a sua honra
Se morre, se mata...

Não dá prá ser feliz
Não dá prá ser feliz...

É triste ver meu homem
Guerreiro menino
Com a barra de seu tempo
Por sobre seus ombros...

Eu vejo que ele sangra
Eu vejo que ele berra
A dor que tem no peito
Pois ama e ama...

Um homem se humilha
Se castram seu sonho
Seu sonho é sua vida
E vida é trabalho...

E sem o seu trabalho
O homem não tem honra
E sem a sua honra
Se morre, se mata...

Não dá prá ser feliz
Não dá prá ser feliz...

Não dá prá ser feliz
Não dá prá ser feliz
Não dá prá ser feliz...

05/10/2009

texto do blog do Rodrigo Viana

Vira-latas tentam atrapalhar a festa do Rio-2016


O complexo de vira-lata segue fortíssimo em nosso país. Se bem que, agora, parece mais restrito a setores da classe média...

Falo das estranhas reações a esse acontecimento maravilhoso: a vitória do Rio como sede das Olimpíadas de 2016.

Estava eu fora do alcance da internet - gravando uma reportagem nas proximidades de Iguape, no litoral sul de São Paulo - quando o Rio foi anunciado vencedor. Comemorei, em mensagens enviadas por celular à minha mulher - que é carioca.

Quando cheguei a São Paulo, na noite desta sexta, também comemorei com meu filho Vicente, outro nascido no Rio de Janeiro.

Em qualquer lugar do planeta seria mesmo motivo para comemorar. Mas, no Brasil, aparecem nessas horas os corvos agourentos: e a a corrupção? e as favelas? e a violência?

Mas que diabos! Parece-me tão óbvio que Olimpíadas não são (nem nunca serão) o remédio para nossos problemas seculares, parece-me isso tão óbvio (repito!) que sinto até vergonha de precisar argumentar diante de certas coisas que comecei a ouvir e a ler, assim que botei os pés de novo em São Paulo, nesta histórica sexta-feira.

Aos poucos, fui-me lembrando das diferenças entre Rio e São Paulo. Paulistano que sou, posso dizer sem medo de errar: parte das pessoas que vivem aqui na minha terra não gosta muito do Brasil. A verdade é essa.

Era esse o tom dos comentários que ouvi no rádio do carro, a caminho de casa. O locutor ia lendo os e-mails dos ouvintes, que criticavam a escolha do Rio: eram comentários mal-humorados, ranhetas, complexados.

No futebol, o brasileiro superou esse complexo de vira-lata. Nelson Rodrigues foi quem cunhou a expressão. Foi ele também quem mostrou como Pelé, com sua pose de rei, indicava a seus colegas em campo: somos fortes, somos bons, falta só acreditar em nós mesmos.

Lá pelas décadas de 50/60, com Pelé, superamos o complexo. Mas só no futebol. A síndrome do vira-lata infeliz continuou a nos abater em outras áreas..

Os mais pobres, em anos recentes, parecem ter vencido o complexo. Até porque não têm muita escolha. São brasileiros até o último fio de cabelo. Para o bem e para o mal. Melhor brigar e trabalhar pra fazer dese país uma terra um pouco melhor.

A vitória e a reeleição de Lula são a prova de que parte dos brasileiros, especialmente os de origem mais humilde, superou o complexo. É uma parcela de brasileiros que foi capaz de eleger um homem monoglota, sem estudo, e além de tudo sem um dedo (ah, como essa marca do trabalho braçal incomoda nossas elites) para liderar o país.

Em contrapartida, a escolha - por duas vezes - de um presidente com esse perfil parece ter acirrado ainda mais o complexo de vira-lata, entre certos setores de nossa classe média. É uma parte dos brasileiros (e como são numerosos em São Paulo) que não gostam de ser brasileiros. Gostam de ser netos de italianos, bisnetos de alemães, trinetos de poloneses, tataranetos de espanhóis.

Eles se envergonham do Lula que discursa em "português" na cerimônia do comitê olímpico (ouvi um sujeito falando disso hoje na rua). Queriam que discursasse em javanês?

Eles se envergonham do Lula que chora. Preferiam, talvez, o tom afetado daquele outro presidente, que adorava fazer piadas sem graça, e preferia discursar em francês ou inglês (tremendo complexo de vira-lata) para agradar os gringos...

Com Lula, o Brasil deixou de se ver como colônia.

Os problemas do Brasil - com ou sem Olimpíadas - são enormes. Cabe a nós resolvê-los. Podemos tentar fazer as duas coisas ao mesmo tempo: cuidar de nossos problemas, e organizar as Olimpíadas. Isso parece uma obviedade sem tamanho!

Ou alguém acha - por exemplo - que um sujeito, só porque ainda está pagando as prestações da casa, não pode fazer uma bela festa de fim-de-ano para os vizinhos e os amigos?

A escolha do Rio é reconhecimento da grandeza do Brasil. Não deve nos fazer ufanistas. Mas a verdade é que merecemos comemorar. Sem dar bola para os corvos agourentos. Eles que curem seus complexos viajando para Miami nas férias. E deixem o Brasil trabalhar para fazer uma bela Olimpíada em 2016.

Parabéns ao Rio. Viva o Brasil.

03/10/2009

A elite está se roendo. A elite odeia o Brasil

A elite está se roendo. A elite odeia o Brasil

Lula tem sorte. "Rabo", é o que eles dizem.

O pré-sal foi rabo. A Copa foi rabo. As Olimpíadas? Rabo.

O Brasil? Um horror. É corrupto. Imagine só o que "eles" vão fazer com as verbas das Olimpíadas. Imaginem o que "eles" vão fazer com o dinheiro de nossos impostos.

Cá entre nós, quem é que gosta de esporte?

Quem é que vai se espremer em um estádio sem poder dizer no dia seguinte que teve algum tipo de privilégio?

Privilégio.

Essa é a palavra que define a elite brasileira.

O camarote da Brahma. O lounge exclusivo do aeroporto. A sala VIP.

A separação entre Casa Grande e Senzala é a matriz da brasilidade.

Para os amigos, tudo. Para os inimigos, toda a força da lei.

A cela especial dos diplomados. Os habeas corpus do banqueiro. Os negros que enriquecem e se tornam brancos.

Lula embaralhou bastante as cartas. É um sucesso de público.

Daí o estratagema da elite. Lula sim, o PT não. Lula sim, o Itamaraty é um horror -- dominado por chavistas. Lula é um democrata, Morales um demagogo.

É uma forma de negar o protagonismo histórico de Lula e, portanto, da classe na qual ele se originou.

É uma forma de dizer que Lula é inocente, tão vítima quanto todos nós de seus assessores "esquerdistas".

É a forma antropofágica de nossa elite de engolir Lula, ao mesmo tempo negando tudo o que ele de fato representa.

Por isso, o "rabo" de Lula. A sorte de Lula.

Lembrem-se, o pré-sal não foi resultado da sabedoria da Petrobras.

A Copa do Mundo não foi mérito do Brasil.

As Olimpíadas não foram mérito do Rio de Janeiro.

Não, foi tudo "sorte" do Lula.

Foi um acaso. Foi "rabo".

O BrasIl? É um horror. "Eles" são corruptos. "Eles" elegem gente corrupta. "Eles" não sabem gastar nosso dinheiro.

O Brasil são "eles", aqueles que não tem acesso ao nosso camarote, à nossa Casa Grande, à nossa sala VIP.

Se eles fossem como a gente, seríamos Paris. Ou Nova York.

Infelizmente, somos Brasil.

PS: É por isso que, hoje, quando o Rio ganhou, celebrei com os colegas de "firma". Depois, fomos todos trabalhar.


LUIZ CARLOS AZENHA

(retirado do blog VIOMUNDO http://www.viomundo.com.br/opiniao/a-elite-esta-se-roendo-a-elite-odeia-o-brasil/ )