17/03/2009

ouvindo Cash e Nelson

Quero apenas pegar a estrada em qualquer direção e ver as árvores correndo para trás de meu caminho como flechas tristes que se perdem sem alvos ou, na pior das hipóteses, atingem alvos inocentes.

Que o asfalto seja negro, quente, crú e apático sob a titubeante roda de mim.

Quero ver a rodovia erma e seca rasgar-se diante de meus olhos como as pernas da prostituta perdida e indiferente ao homem que a possui... possui?

Quero ouvir o zumbido triste do vento etéreo e solitário gelando minha pele, minhas ilusões e meus sonhos.

Até compreender que a vida é uma farsa, no exato momento em que a curva chegar e eu não me desviar, me precipitando barranco abaixo.

Oh, meu Deus, mais que fingidor, o poeta é um covarde mentiroso!

EDNALDO TORRES FELICIO
solidão da Rua Augusta
17 de março de 2009 pouco antes do amanhecer



14/03/2009

uma madrugada inteira ouvindo Tim Maia

E vou postar duas sonzeiras... A segunda é um soul de primeira linha





VIVA A MÚSICA NEGRA BRASILEIRA! VIVA TIM MAIA!

13/03/2009

Lembranças de infância


Era eu menino. Muito menino. Acabara de ser alfabetizado.

Meu mano com idade mais próxima à minha era seis anos mais velho que eu. E ele tinha um livro de português...

Nas tardes enooooormes e vazias daquela Carapicuíba de ruas de terra, eu roubava seu livro e me esforçava para ler o livro que era para um série seis anos à frente da minha...

Como era difícil ler os contos, lia as poesias do livro. Foi assim que me tornei poeta.

Uma daquelas poesias, lidas nas tardes de chuva entre o jogo de botão e os carrinhos de plástico, reencontrei agora e descobri que é do genial MÁRIO QUINTANA.

Obrigado Mário, por preencher aquelas tardes distantes com sua poesia linda.

RECORDO AINDA

Recordo ainda... e nada mais me importa...
Aqueles dias de uma luz tão mansa
Que me deixavam, sempre, de lembrança,
Algum brinquedo novo à minha porta...

Mas veio um vento de Desesperança
Soprando cinzas pela noite morta!
E eu pendurei na galharia torta
Todos os meus brinquedos de criança...

Estrada afora após segui... Mas, aí,
Embora idade e senso eu aparente
Não vos iludais o velho que aqui vai:

Eu quero os meus brinquedos novamente!
Sou um pobre menino... acreditai!...
Que envelheceu, um dia, de repente!...

Mario Quintana


PS.: Na foto, meu mano correndo sobre a laje de casa

12/03/2009

Olha essas caricaturas

As caricaturas virtuais abaixo são simplesmente geniais. Peguei no blog http://photoshopvicio.blogspot.com/ vale a pena entrar e ver.





10/03/2009

SENHORAS E SONHORES, O FENÔMENO VOLTOU!

É possível sim, se levantar, mesmo quando a queda já é velha conhecida e insiste em estar presente na vida.

É possível sim, sorrir, mesmo quando todos dizem que você está acabado.

É possível sim, usar o exemplo do futebol para utilizar na própria vida.

Um gol aos 47 do segundo tempo, contra o maior rival do Corinthians. Um gol antológico. De um vencedor, de um Fenômeno.

Que consigamos também nos superar, quando nossos "meniscos" da vida romperem seus ligamentos frágeis e nos lembrar que somos Humanos, Humanos para cacete.


05/03/2009

VEGONHA - FOLHA DIZ QUE PAÍS TEVE DITABRANDA E NÃO DITADURA


Não se assuste: o desenho ao lado, do Latuff, é uma provocação, traduzindo o que a Folha de S. Paulo quis dizer por ‘ditabranda’, em editorial publicado no dia 17 de fevereiro passado. Para o jornal do dândi Otavinho Frias, o regime militar no Brasil foi moleza. E quem tentou deixar seu protesto na seção de cartas do jornal foi esculachado mais uma vez. Por isso no próximo dia 7, sábado, vamos reunir uma galera boa em frente ao prédio da Folha, na rua Barão de Limeira (SP) para um ato em repúdio à ‘ditabranda’. De lá vamos blogar, tuitar, iutubar, via celular, laptop e o que mais tivermos em mãos.



(Em tempo: texto imperdível lá no Vi o Mundo, do Azenha - A Escolinha do Professor Kamel)

http://www.viomundo.com.br/opiniao/a-escolinha-do-professor-kamel/

04/03/2009

post para Cintia, meu amor



Ela desatinou
Chico Buarque
Composição: Chico Buarque

Ela desatinou, viu chegar quarta-feira
Acabar brincadeira, bandeiras se desmanchando
E ela inda está sambando
Ela desatinou, viu morrer alegrias, rasgar fantasias
Os dias sem sol raiando e ela inda está sambando
Ela não vê que toda gente, já está sofrendo normalmente
Toda a cidade anda esquecida, da falsa vida, da avenida
Onde Ela desatinou, viu morrer alegrias, rasgar fantasias
Os dias sem sol raiando e ela inda está sambando
Quem não inveja a infeliz, feliz
No seu mundo de cetim, assim,
Debochando da dor, do pecado
Do tempo perdido, do jogo acabado

03/03/2009

mais um do velho Bukowski

loucura?


olha, ele disse, admita.

o quê? perguntei.

quando você vê aquela gorda

no supermercado que está

escolhendo laranjas, não

se sente a fim de ir lá e

espremer aquelas ancas feias

bem forte

apenas para ouvi-la gritar?

do que diabos você está falando,

cara? perguntei.

e quando o garçom te traz

teu jantar, não pensa

por um instante que poderia

matá-lo?

não antes do jantar, respondi.

o que estou querendo dizer com isso,

ele continuou,

é que há uma linha muito tênue

entre o que chamamos sanidade e

o que chamamos loucura

e que o esforço que fazemos para

permanecer no lado são

só é feito para que não sejamos

punidos pela

sociedade.

senão, iríamos

frequentemente cruzar essa linha e

as coisas seriam muito mais

interessantes

eu não sei do que diabos

você está falando, cara,

eu disse a ele.

ele apenas suspirou, me olhou

e disse, deixa pra lá, amigo.