30/08/2008
Perdendo a virgindade
Talvez, ela tenha sido por alguns instantes, a mulher mais linda do mundo.
Talvez, ela tenha sido por muito tempo, a mulher mais importante em minha vida.
Talvez tenhamos sido apenas um ledo engano;
Fato é que nos desnudamos entre o tremor da alma e a fome da carne.
Fato é que fui seu primeiro e ela minha primeira.
Fato é que fomos "um só", pela primeira vez, juntos;
Em seus seios passeei minha boca,
Em seus olhos refleti meu fogo,
Em meu peito ela deitou seu rosto;
Entre o medo e o desejo ela se ofereceu a mim,
Entre a timidez e a inocência a Mulher despertava,
Entre suas pernas, eu - tolo atapalhado-, nos iniciava...
Eram minhas as digitais sob o vestido.
Eram delas as digitas sobre a epiderme.
Eram nossos, os sussurros noite adentro...
Não foi nossa única,
Não foi nossa última,
Foi nossa primeira, vez.
A primeira vez de tanto tempo
A primeira noite de tantos anos
A última saudade sinto agora, do que éramos e já não somos;
Hoje, não somos mais um do outro
Hoje, nosso fogo é alheio
Hoje, os adolescentes cresceram e adultos, nem se falam.
Seus seios, de outra boca
Minha boca, de outros corpos
Nossos corpos, de outros sonhos.
sonha ela em outros peitos...
Nos fizemos
nos descobrimos
e nos perdemos...
Mas fomos e seremos
um do outro,
os intensos,
os primeiros.
Evoé!*
EDNALDO TORRES FELÍCIO
30/08/08
*evoé
do Lat. evoe < Gr. euví
interj.,
grito, brado das bacantes em honra de Dionísio (Baco), por ocasião das orgias.
27/08/2008
25/08/2008
PRAZER, MEU NOME É COCAÍNA
Não tenho nada a acrescentar aos vídeos abaixo:
e esse outro, com a Claudia Ohana
e esse outro, com a Claudia Ohana
23/08/2008
post dedicado a uma mulher especial (só ela sabe que é para ELA)
Renata Maria
Chico Buarque
Ela era ela era ela no centro da tela daquela manhã
Tudo o que não era ela se desvaneceu
Cristo, montanhas, florestas, acácias, ipês
Pranchas coladas na crista das ondas, as ondas suspensas no ar
Pássaros cristalizados no branco do céu
E eu, atolado na areia, perdia meus pés
Músicas imaginei
Mas o assombro gelou
Na minha boca as palavras que eu ia falar
Nem uma brisa soprou
Enquanto Renata Maria saía do mar
Dia após dia na praia com olhos vazados de já não a ver
Quieto como um pescador a juntar seus anzóis
Ou como algum salva-vidas no banco dos réus
Noite na praia deserta, deserta, deserta daquela mulher
Praia repleta de rastros em mil direções
Penso que todos os passos perdidos são meus
Eu já sabia, meu Deus
Tão fulgurante visão
Não se produz duas vezes no mesmo lugar
Mas que danado fui eu
Enquanto Renata Maria saía do mar
Chico Buarque
Ela era ela era ela no centro da tela daquela manhã
Tudo o que não era ela se desvaneceu
Cristo, montanhas, florestas, acácias, ipês
Pranchas coladas na crista das ondas, as ondas suspensas no ar
Pássaros cristalizados no branco do céu
E eu, atolado na areia, perdia meus pés
Músicas imaginei
Mas o assombro gelou
Na minha boca as palavras que eu ia falar
Nem uma brisa soprou
Enquanto Renata Maria saía do mar
Dia após dia na praia com olhos vazados de já não a ver
Quieto como um pescador a juntar seus anzóis
Ou como algum salva-vidas no banco dos réus
Noite na praia deserta, deserta, deserta daquela mulher
Praia repleta de rastros em mil direções
Penso que todos os passos perdidos são meus
Eu já sabia, meu Deus
Tão fulgurante visão
Não se produz duas vezes no mesmo lugar
Mas que danado fui eu
Enquanto Renata Maria saía do mar
21/08/2008
HOMENAGEM A RAUL SEIXAS
“Dr. Pacheco”
Lá vai nosso herói Dr. Paxeco
Com sua careca inconfundível
A gravata e o paletó
Misturando-se às pessoas da vida
Lá vai Dr. Paxeco
O herói dos dias úteis
Misturando-se às pessoas que o fizeram
Formado, reformado, engomado
Num sorriso fabricado
Pela escola da ilusão
Tem jeito de perfeito
No defeito
Sem ter feito com proveito
Aproveita a ocasião
Dr. Paxeco, vai doutorar
Dr. Paxeco, foi almoçar
Do Do Do Do Do Doutor
Do Do Do Do Do Doutor
Paxeco
Perdido, dividido, dirigido
Carcomido e iludido
Tem nos olhos o cifrão
Disfarça na fumaça
e acha graça
Sem saber que a rua passa
Entre a massa e o caminhão
Dr. Paxeco não vai voltar
Dr. Paxeco foi almoçar
Dr. Paxeco não vai voltar
Dr. Paxeco foi almoçar...
14/08/2008
three little birds
Three Little Birds (tradução)
Bob Marley
Composição: Bob Marley
Três Passarinhos
Não se preocupe com coisa alguma
Porque tudo
ficará bem.
Dizendo, não se preocupe com coisa alguma
Porque tudo
ficará bem.
Acorde hoje pela manhã
Sorria com o sol nascendo,
Três passarinhos
Estão em minha porta
Cantando doces canções
De melodias puras e verdadeiras,
Dizendo "Esta é minha mensagem para você", uh,uh
Dizendo, não se preocupe com coisa alguma
Porque tudo
ficará bem.
Dizendo, não se preocupe com coisa alguma
Porque tudo
ficará bem.
Acorde hoje pela manhã
Sorria com o sol nascendo,
Três passarinhos
Estão em minha porta
Cantando doces canções
De melodias puras e verdadeiras,
Dizendo "Esta é minha mensagem para você", uh,uh
Não se preocupe com isso, oh!
Tudo vai estar bem. Não se preocupe!"
"Não se preocupe com isso" – Eu não me preocuparei!
"Tudo vai estar bem."
Não se preocupe com isso,
'Tudo vai estar bem" – Eu não me preocuparei!
Não se preocupe com isso,
'Tudo vai estar bem."
Não se preocupe com isso!
Tudo vai estar bem!
Bob Marley
Composição: Bob Marley
Três Passarinhos
Não se preocupe com coisa alguma
Porque tudo
ficará bem.
Dizendo, não se preocupe com coisa alguma
Porque tudo
ficará bem.
Acorde hoje pela manhã
Sorria com o sol nascendo,
Três passarinhos
Estão em minha porta
Cantando doces canções
De melodias puras e verdadeiras,
Dizendo "Esta é minha mensagem para você", uh,uh
Dizendo, não se preocupe com coisa alguma
Porque tudo
ficará bem.
Dizendo, não se preocupe com coisa alguma
Porque tudo
ficará bem.
Acorde hoje pela manhã
Sorria com o sol nascendo,
Três passarinhos
Estão em minha porta
Cantando doces canções
De melodias puras e verdadeiras,
Dizendo "Esta é minha mensagem para você", uh,uh
Não se preocupe com isso, oh!
Tudo vai estar bem. Não se preocupe!"
"Não se preocupe com isso" – Eu não me preocuparei!
"Tudo vai estar bem."
Não se preocupe com isso,
'Tudo vai estar bem" – Eu não me preocuparei!
Não se preocupe com isso,
'Tudo vai estar bem."
Não se preocupe com isso!
Tudo vai estar bem!
08/08/2008
04/08/2008
RODOVIÁRIA
"Todo o chão de rodoviaria é igual, cheio de guimbas de cigarro e catarro"
ON THE ROAD - JACK KEROUAK
E lá estava eu entre guimbas e catarro, agarrado à única coisa que me restou do casamento: uma mochila triste, com algumas cuecas, um par de camisas e uma solidao sem fim.
Nem fazia idéia de qual cidade do interior era aquela. Que importava? Fugia de mim mesmo, mas me encontrava em cada reflexo de janela de qualquer ônibus estacionado.
Fugia de mim, mas minhas memórias me perseguiam como se fossem um policial atrás de seu principal suspeito.
Era apenas mais um perdido na noite fria.
Ouvia ao longe adeus e olás, mas dentro de mim era a mesma fuga muda, cheia de medo e aflição.
Vinhos baratos corriam pelas veias e pela alma, mas nunca estive tão sóbrio.
A lembrança da casa e dos filhos distantes se confundiam com a última palavra Dela: Acabou.
Não me restava o trabalho "escravo", remunerado com esmolas, não me restava os vizinhos mudos ou a confusão da megalópole.
Lá estava eu: muleque perdido num exílio imposto por si mesmo. O fracasso das promessas diantes do Padre e do Juiz. O fracasso diante do espelho.
Agora, deitado atrás das cadeiras da rodoviaria de sei lá onde,não tinha de quem esconder o choro, mas não chorava.
O vento que cantava na orelha não me ninava e nem envergonhava. Eu era um que descera longe e não sabia para onde ia ou de onde viera.
Sem cigarros, sem álcool, sem futuro e com um passado distante, restava a mim o som de ônibus chegando a partindo em longos intervalos estéries com tristes silêncios etérios.
Nâo iria para lugar algum. Lá, naquele chão sujo, percebi que não tentava fugir Dela ou de Sampa ou do mundo: tentava fugir de mim. Mas onde fosse, meu fracasso e minha cobrança aguda me acompanhavam.
Curtos sonos interrompidos por novos ônibus.
Que me importa onde estava?
A Rodoviária e sua vida independente não me pertenciam, nem eu pertencia à Rodoviária. Naquela noite fui apenas o infeliz que dormiu atrás das cadeiras... Dormiu?
Fui o infeliz que despertou atrás das cadeiras e tentou uma nova vida, embarcando num ônibus novo, dalí para qualquer lugar, para qualquer destino, para qualquer morte, ou qualquer vida.
Não fazia ideia de onde o sol estivesse quando gastei meu último dinheiro para lugar nenhum...
O ônibus fechou a porta e pela janela ví a rodoviária ficando pra trás... Um punhado de luzes ficando menor a cada curva. Minha vida, um punhado de trevas ficando maior a cada esquina.
Nem sei onde estou. Não estou. Estive.
EDNALDO TORRES FELICIO
Qualquer data e qualquer hora
ON THE ROAD - JACK KEROUAK
E lá estava eu entre guimbas e catarro, agarrado à única coisa que me restou do casamento: uma mochila triste, com algumas cuecas, um par de camisas e uma solidao sem fim.
Nem fazia idéia de qual cidade do interior era aquela. Que importava? Fugia de mim mesmo, mas me encontrava em cada reflexo de janela de qualquer ônibus estacionado.
Fugia de mim, mas minhas memórias me perseguiam como se fossem um policial atrás de seu principal suspeito.
Era apenas mais um perdido na noite fria.
Ouvia ao longe adeus e olás, mas dentro de mim era a mesma fuga muda, cheia de medo e aflição.
Vinhos baratos corriam pelas veias e pela alma, mas nunca estive tão sóbrio.
A lembrança da casa e dos filhos distantes se confundiam com a última palavra Dela: Acabou.
Não me restava o trabalho "escravo", remunerado com esmolas, não me restava os vizinhos mudos ou a confusão da megalópole.
Lá estava eu: muleque perdido num exílio imposto por si mesmo. O fracasso das promessas diantes do Padre e do Juiz. O fracasso diante do espelho.
Agora, deitado atrás das cadeiras da rodoviaria de sei lá onde,não tinha de quem esconder o choro, mas não chorava.
O vento que cantava na orelha não me ninava e nem envergonhava. Eu era um que descera longe e não sabia para onde ia ou de onde viera.
Sem cigarros, sem álcool, sem futuro e com um passado distante, restava a mim o som de ônibus chegando a partindo em longos intervalos estéries com tristes silêncios etérios.
Nâo iria para lugar algum. Lá, naquele chão sujo, percebi que não tentava fugir Dela ou de Sampa ou do mundo: tentava fugir de mim. Mas onde fosse, meu fracasso e minha cobrança aguda me acompanhavam.
Curtos sonos interrompidos por novos ônibus.
Que me importa onde estava?
A Rodoviária e sua vida independente não me pertenciam, nem eu pertencia à Rodoviária. Naquela noite fui apenas o infeliz que dormiu atrás das cadeiras... Dormiu?
Fui o infeliz que despertou atrás das cadeiras e tentou uma nova vida, embarcando num ônibus novo, dalí para qualquer lugar, para qualquer destino, para qualquer morte, ou qualquer vida.
Não fazia ideia de onde o sol estivesse quando gastei meu último dinheiro para lugar nenhum...
O ônibus fechou a porta e pela janela ví a rodoviária ficando pra trás... Um punhado de luzes ficando menor a cada curva. Minha vida, um punhado de trevas ficando maior a cada esquina.
Nem sei onde estou. Não estou. Estive.
EDNALDO TORRES FELICIO
Qualquer data e qualquer hora
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