11/09/2011

O FATOR DEUS - JOSÉ SARAMAGO

Texto publicado na FOLHA DE SÃO PAULO em 19/11/2001







O FATOR DEUS
JOSÉ SARAMAGO

Algures na Índia. Uma fila de peças de artilharia em posição. Atado à boca de cada uma delas há um homem. No primeiro plano da fotografia um oficial britânico ergue a espada e vai dar ordem de fogo. Não dispomos de imagens do efeito dos disparos, mas até a mais obtusa das imaginações poderá "ver" cabeças e troncos dispersos pelo campo de tiro, restos sanguinolentos, vísceras, membros amputados. Os homens eram rebeldes.

Algures em Angola. Dois soldados portugueses levantam pelos braços um
negro que talvez não esteja morto, outro soldado empunha um machete e prepara-se para lhe separar a cabeça do corpo. Esta é a primeira fotografia. Na segunda, desta vez há uma segunda fotografia, a cabeça já foi cortada, está espetada num pau, e os soldados riem. O negro era um guerrilheiro. Algures em Israel. Enquanto alguns soldados israelitas imobilizam um palestino, outro militar parte-lhe à martelada os ossos da mão direita. O palestino tinha atirado pedras. Estados Unidos da América do Norte, cidade de Nova York. Dois aviões comerciais norte-americanos, sequestrados por terroristas relacionados com o integrismo islâmico, lançam-se contra as torres do World Trade Center e deitam-nas abaixo.

Pelo mesmo processo um terceiro avião causa danos enormes no edifício do Pentágono, sede do poder bélico dos States. Os mortos, soterrados nos escombros, reduzidos a migalhas, volatilizados, contam-se por milhares.

As fotografias da Índia, de Angola e de Israel atiram-nos com o horror à cara, as vítimas são-nos mostradas no próprio instante da tortura, da agônica expectativa, da morte ignóbil. Em Nova York tudo pareceu irreal ao princípio, episódio repetido e sem novidade de mais uma catástrofe cinematográfica, realmente empolgante pelo grau de ilusão conseguido pelo engenheiro de efeitos especiais, mas limpo de estertores, de jorros de sangue, de carnes esmagadas, de ossos triturados, de merda. O horror, agachado como um animal imundo, esperou que saíssemos da estupefação para nos saltar à garganta. O horror disse pela primeira vez "aqui estou" quando aquelas pessoas saltaram para o vazio como se tivessem acabado de escolher uma morte que fosse sua. Agora o horror aparecerá a cada instante ao remover-se uma pedra, um pedaço de parede, uma chapa de alumínio retorcida, e será uma cabeça irreconhecível, um braço, uma perna, um abdômen desfeito, um tórax espalmado. Mas até mesmo isto é repetitivo e monótono, de certo modo já conhecido pelas imagens que nos chegaram daquele Ruanda-de-um-milhão-de-mortos, daquele Vietnã cozido a napalme, daquelas execuções em estádios cheios de gente, daqueles linchamentos e espancamentos daqueles soldados iraquianos sepultados vivos debaixo de toneladas de areia, daquelas bombas atômicas que arrasaram e calcinaram Hiroshima e Nagasaki, daqueles crematórios nazistas a vomitar cinzas, daqueles caminhões a despejar cadáveres como se de lixo se tratasse. De algo sempre haveremos de morrer, mas já se perdeu a conta aos seres humanos mortos das piores maneiras que seres humanos foram capazes de inventar. Uma delas, a mais criminosa, a mais absurda, a que mais ofende a simples razão, é aquela que, desde o princípio dos tempos e das civilizações, tem mandado matar em nome de Deus. Já foi dito que as religiões, todas elas, sem exceção, nunca serviram para aproximar e congraçar os homens, que, pelo contrário, foram e continuam a ser causa de sofrimentos inenarráveis, de morticínios, de monstruosas violências físicas e espirituais que constituem um dos mais tenebrosos capítulos da miserável história humana. Ao menos em sinal de respeito pela vida, deveríamos ter a coragem de proclamar em todas as circunstâncias esta verdade evidente e demonstrável, mas a maioria dos crentes de qualquer religião não só fingem ignorá-lo, como se levantam iracundos e intolerantes contra aqueles para quem Deus não é mais que um nome, nada mais que um nome, o nome que, por medo de morrer, lhe pusemos um dia e que viria a travar-nos o passo para uma humanização real. Em troca prometeram-nos paraísos e ameaçaram-nos com infernos, tão falsos uns como outros, insultos descarados a uma inteligência e a um sentido comum que tanto trabalho nos deram a criar. Disse Nietzsche que tudo seria permitido se Deus não existisse, e eu respondo que precisamente por causa e em nome de Deus é que se tem permitido e justificado tudo, principalmente o pior, principalmente o mais horrendo e cruel. Durante séculos a Inquisição foi, ela também, como hoje os talebanes, uma organização terrorista que se dedicou a interpretar perversamente textos sagrados que deveriam merecer o respeito de quem neles dizia crer, um monstruoso conúbio pactuado entre a religião e o Estado contra a liberdade de consciência e contra o mais humano dos direitos: o direito a dizer não, o direito à heresia, o direito a escolher outra coisa, que isso só a palavra heresia significa.

E, contudo, Deus está inocente. Inocente como algo que não existe, que não existiu nem existirá nunca, inocente de haver criado um universo inteiro para colocar nele seres capazes de cometer os maiores crimes para logo virem justificar-se dizendo que são celebrações do seu poder e da sua glória, enquanto os mortos se vão acumulando, estes das torres gêmeas de Nova York, e todos os outros que, em nome de um Deus tornado assassino pela vontade e pela ação dos homens, cobriram e teimam em cobrir de terror e sangue as páginas da história. Os deuses, acho eu, só existem no cérebro humano, prosperam ou definham dentro do mesmo universo que os inventou, mas o "fator Deus", esse, está presente na vida como se efetivamente fosse o dono e o senhor dela. Não é um deus, mas o "fator Deus" o que se exibe nas notas de dólar e se mostra nos cartazes que pedem para a América (a dos Estados Unidos, não a outra...) a bênção divina. E foi o "fator Deus" em que o deus islâmico se transformou, que atirou contra as torres do World Trade Center os aviões da revolta contra os desprezos e da vingança contra as humilhações. Dir-se-á que um deus andou a semear ventos e que outro deus responde agora com tempestades. É possível, é mesmo certo. Mas não foram eles, pobres deuses sem culpa, foi o "fator Deus", esse que é terrivelmente igual em todos os seres humanos onde quer que estejam e seja qual for a religião que professem, esse que tem intoxicado o pensamento e aberto as portas às intolerâncias mais sórdidas, esse que não respeita senão aquilo em que manda crer, esse que depois de presumir ter feito da besta um homem acabou por fazer do homem uma besta.

Ao leitor crente (de qualquer crença...) que tenha conseguido suportar a repugnância que estas palavras provavelmente lhe inspiraram, não peço que se passe ao ateísmo de quem as escreveu. Simplesmente lhe rogo que compreenda, pelo sentimento de não poder ser pela razão, que, se há Deus, há só um Deus, e que, na sua relação com ele, o que menos importa é o nome que lhe ensinaram a dar. E que desconfie do "fator Deus". Não faltam ao espírito humano inimigos, mas esse é um dos mais pertinazes e corrosivos. Como ficou demonstrado e desgraçadamente continuará a demonstrar-se.

28/08/2011

''Melancolia''



Quero escrever sobre "Melancolia", o filme do Lars Von Trier que está em cartaz em SP e que vi no último sábado com minha filha.

Você não leva um soco no estômago igual ao soco que você leva ao ver "O Anticristo", filme anterior do Lars. Agora você leva um soco na alma.

No filme, uma moça vai se casar, tem uma festa linda, mas simplesmente não consegue ficar feliz. Enquanto a moça se esforça para sorrir, um planeta chamado Melancolia se aproxima da Terra.

Obviamente o casamento é só uma figura de linguagem para a vida, assim como o planeta em questão não é necessariamente um planeta, mas a melancolia em si, talvez na sua forma mais cruel, a depressão.

Filmaço.

No filme, o planeta se aproxima da Terra e não importa o que você faça, a Terra será engolida por (pela) Melancolia.

Já tive depressão. "Melancolia" invadiu meu planeta e minha vida de forma violenta, covarde, sem defesa ou esperança para fuga. Me engoliu. Me destroçou.

Há cenas tão psicologicamente fortes no filme que só entende quem passou pelo fosso da depressão. A personagem não quer tomar banho (uma das cenas mais duras), só quer dormir e quando come um bolo de carne, comida que ela sempre gostou, chora dizendo que a comida tem gosto de cinzas. Tudo muito triste, mas mostrado de forma bela, poética, com uma fotografia lindíssima.

A luta contra a depressão é diária. O bordão dos A.A.'s "só por hoje", pode ser também dito por um depressivo. Só por hoje, a depressão não me derrubou, só por hoje curti o domingo de sol com minha família, só por hoje não me matei. Amanhã é outro dia.

Melancolia se aproxima sempre de nós, do nosso planeta, de nossa vida, de nossas dores. Resta a nós aprender a conviver com a presença constante e as influências potentes do "planeta melancolia" em nossa alma.

Lars dirigiu esse filme depois de lutar contra a própria depressão. Talvez por isso eu o tenha entendido tão bem. Talvez por isso eu também ache que o fim do mundo não seja uma coisa ruim em si. Talvez o fim seja um presente e não um castigo.

Recomendo "MELANCOLIA", grande filme, grande fotografia, grande atuação de Kirsten Dunst, ganhadora da Palma de Ouro em Canne de melhor atriz.

Quanto a minha luta contra a depressão (o planeta Melancolia), por hoje estou bem, quero abrir os olhos amanhã e ver o sol. Quero ficar feliz, só por hoje.

Vejam o filme.

EDNALDO TORRES FELÍCIO

=)

18/08/2011

VIVA LEMINSKI!

Dois loucos no bairro

um passa os dias
chutando postes para ver se acendem

o outro as noites
apagando palavras
contra um papel branco

todo bairro tem um louco
que o bairro trata bem
só falta mais um pouco
pra eu ser tratado também

19/06/2011

Augusta Madrugada

Três da manhã.
Insone.
O bebê acaba de dormir. A mulher, em sua loucura, se banha de ódio e eu desço para o bar.

Três da manhã.
O bar está repleto de perdedores.
Mulheres procurando o homem perfeito, homens procurando qualquer boceta que lhes caiba.

Três da manhã.
Uma loira linda pede Legião.
Três da manhã. Um cara louco canta Legião para comer a loira.
Bebo minha cerveja e vejo tudo sem nada ver.

No apartamento MEU FILHO dorme,
 ingênuo.
A esposa descansa,
efêmera.
Três da manhã...

às quatro uma louca chora no ombro do "amigo",
um maluco vomita e eu bebo Jack Daniel's.

Estou igual a eles: perdido, triste, derrotado.

Um abraço etílico e subjetivo: loucos da Rua Augusta.

Seis da manhã.
Volto para casa.
Não comi ninguém e nem queria. Minha dor é maior que o sexo.

Seis da manhã.
A esposa dorme na mesma cama que o bebê.

Tenho a impressão de que essa casa não me cabe. Sou muito pequeno.
Derrotado igual aos bêbados das três da manhã.

Sei que o casamento está esfarelando.
Sofro por isso.
De quê adianta?

Seis da manhã.
Cachaça e wisky não me embriagam tanto
quanto o sangue que passa no meu coração
e se perde em lamentos.

EDNALDO TORRES FELICIO
19/06/2011
06:11HS

01/06/2011

RECÉM-NASCIDOS


"...entrei no elevador e subi para ir olhar no berçário. Devia haver uma centena de recém-nascidos ali, atrás daquele vidro, chorando. Sem parar. Esse negócio de nascer. E de morrer. Cada um na sua hora. A gente chega sozinho e vai-se embora do mesmo jeito. E a maioria passa a vida sem ninguém, assustada e sem entender nada. Uma tristeza indizível tomou conta de mim. Vendo todas aquelas vidas que teriam que morrer. Que primeiro se transformariam em ódio, em crime, em nada. Nada na vida e nada na morte."
                                                                                                                                      Bukowski




19/05/2011

Depoimento da professora Amanda Gurgel

Ela diz tudo. Diz tudo na lata, na cara da Secretária da educação.

Há mais comentários a fazer?

 


c

29/04/2011

a época mais linda da minha vida

Quando minha esposa ficou grávida, senti o que era "esperar" um bebê.

Esperar, no sentido de ESPERANÇA.

A gente fica nas núvens, com os pés plantados bem no chão. Ou no chão, com a cabeça bem no céu...

Foram meses lindos em que vi minha esposa se transformar como um bicho em mutação, ou melhor, em metamorfose.


E como ela ficou linda! Pés inchados, barriga enorme que ficava de lado na cama, seios repletos de alimento e uma calma tão pura...

Hoje meu menino tem 1 ano e 1 mês. É real a textura de sua pele, o som do seu riso, o toque de sua mão. É maravilhoso o peso dele no meu braço quando ele dorme no meu colo.

Mas é diferente daquela época, em que havia apenas a ESPERANÇA do ESPERAR.

Foi uma honra estar ao lado de minha esposa nesse momento sublime e belo. É uma honra estar vivo, para ver a vida recriar-se.

"... Eu vi a mulher preparando. Outra pessoa. O tempo parou prá eu olhar. Para aquela barriga. A vida é amiga da arte ..."

Um beijo, Cintia, minha esposa, meu amor.


Duet from Robin Cantrell on Vimeo.

27/03/2011

O CHEIRO DO RALO

UM DOS MELHORES FILMES NACIONAIS QUE JÁ VI!

Há um desconforto após o filme. O quanto dele tem em nós. O quanto somos ele?

"O Cheiro do ralo" é um soco no estômago. Uma ode ao capitalismo e a falta de... (caráter? ética?) existente em nome de mais e mais grana, ou mais poder.

Numa São Paulo velha e decadente, o ralo expõe merda que somos. O ralo é o bafo do demônio e o demônio é nossa sede de poder sobre o outro.

Mas ora bolas, se nós vivemos o mundo capitalista, se participamos jogar o jogo, se nos vendemos escravos por migalhas de pão, então somos responsáveis por todo o cheiro de merda desse esgoto moral que vivemos?

Triste mundo que estamos montando e deixando para nossos filhos. Tristes sonhos, tristes ralos. Tristes somos.

P.S.: A cada dia que passa, me pergunto se ainda há espaço para poesia nessa merda toda.

16/03/2011

ÁGORA (filmaço!)




Entrou para minha lista dos 10 melhores.

Me emocionou, me fez pensar. Me incomodou.

E como qualquer obra de arte, não me deixou dormir.

"Ágora", de Alejandro Amenábar ("Os Outros", "Mar Adentro") apareceu na minha tela num tópico perdido em uma comunidade do perdido Orkut.

Grata surpresa!

O filme é um grito (ou um minuto de silêncio?) contra a intolerância religiosa e um convite à reflexão que me lembrou Lennon em Imagine "Nada pelo que matar ou morrer E nenhuma religião também".

"Ágora" conta a História (com H maiúsculo) de duas grandes maldades cometidas em nome da fé. A primeira é a destruição da Biblioteca de Alexandria, a segunda você verá no filme.

Como seria bom se entendêssemos que não existe certo nem errado e que pudéssemos aceitar as verdades e credos alheios.Mas o credo alheio é tão absurdo a nós, quando o nosso credo é absurdo ao olhar do outro...

Talvez você entenda melhor  o que me motivou a escrever esse post se vir o filme.

Alugue. Baixe.

Tenho certeza de que no final, você o recomendará aos amigos, como faço agora.

Gonzaguinha - Ponto de Interrogação, Grito de Alerta, Explode Coração......

06/03/2011

QUAL É A TUA GAGUEIRA? - O DISCURSO DO REI

 


Assisti ao ótimo O DISCURSO DO REI.

Belo filme, que humaniza a figura do Rei (George VI, no caso, mas poderia ser qualquer um), escancarando seus medos, seus receios e suas dúvidas.

Você já deve ter visto a sinopse do filme: um Rei que chega ao poder, mas que gagueja. E é ajudado por um médico nada convencional. 

Como acontece quando a gente tem contato com algo bom, o filme me pôs a pensar. 

A gagueira do Rei era a tradução de sua insegurança.

Qual seria minha gagueira? Meu dente torto, que envergonha meu sorriso? Meus quilos a mais, que dificultam a compra de camisas? Minha arrogância que afasta os amigos de mim?

(por coincidência, parei de escrever este texto para ser chamado de soberbo, arrogante e egoísta por minha esposa)

Minha insegurança e minha incapacidade de concluir as coisas são formas de gagueira do dia-dia, rateadas de agir que pausam demasiamente movimentos simples, como terminar uma tarefa iniciada.

Gagueiras da alma.

Nã-Nã-Nã-Não há há há fim p-p-para este p-p-p-post

20/02/2011

Johnny Cash




Pai e filho

Não é hora de fazer uma mudança
Apenas relaxe e vá com calma
Você ainda é jovem, esse é seu problema
Há tanta coisa que você precisa saber
Encontre uma garota, se estabeleça e se você quiser pode se casar
Olhe para mim, estou velho mas sou feliz.

Eu já fui como você é agora
E sei que não é fácil
Ficar calmo quando você descobre algo acontecendo
Mas vá com calma, pense bastante na razão
Pense em tudo que você possui
Pois você ainda vai estar aqui amanhã,
Mas seus sonhos podem não estar

Como posso tentar explicar
Porque quando eu faço ele se afasta de novo
E é sempre a mesma história de sempre
A partir do momento em que eu pude falar,
Fui obrigado a ouvir
Agora há um caminho e eu sei
Que eu tenho que ir embora.

Não é hora de fazer uma mudança,
Apenas sente-se e vá devagar
Você ainda é jovem, esse é seu problema,
Há tanta coisa que você tem que passar
Encontre uma garota, se estabeleça e se você quiser pode se casar
Olhe para mim, estou velho mas sou feliz

Todas as vezes que eu chorei guardando em mim
Todas as coisas que eu sabia
É difícil, mas é mais difícil de ignorá-lo,
Se eles estivessem certos, eu concordaria,
Mas são eles que não me conhecem
Agora há um caminho, e eu sei
Que eu tenho que ir embora
Eu sei que eu tenho que ir embora.




Father And son

It's not time to make a change
Just relax and take it easy
You're still young that's your fault
There's so much you have to know
Find a Girl, settle down and if you want you can marry
Look at me. I am old, but I'm happy

I was once like you are now
And I know that it's not easy
To be calm when you found somethin' going on
But take your time think a lot why
Think of every thing you've got
For you'll still be here tomorrow
But your dreams may not

How can I try to explain cause
When I do he turns away again
And it's always been the same same old story
From the moment I could talk
I was ordered to listen
Now there's a way and I know
That I have to go away

It's not time to make a change
Just sit down and take it slowly
You're still young that's your fault
There's so much you have to go through
Find a Girl, settle down and if you want you can marry
Look at me I am old but I'm happy

All the times that I have cried keeping
All the things I knew inside
It's hard but it's harder to ignore it,
If they were right I'd agree
But it's them that know not me
Now there's a way and I know
That I have to go away
I know I have to go away





14/02/2011

#prasemprefenomeno


O ex-jogador de futebol Falcão, disse certa vez que o jogador morre duas vezes e que a primeira morte é quando ele para de jogar.

Hoje Ronaldo Fenômeno colocou um ponto final em sua vitoriosa carreira. Um gênio da bola. Um Fenômeno.

Humildemente, pediu desculpas à torcida corinthiana por não conseguir vencer uma Libertadores. Chorou pelo fracasso. Chorou de verdade. Chorou pela frustração de não conseguir um título e pela dor de saber-se falível, vencível, humano.

Ao não vencer seu último desafio Ronaldo viu-se homem, e como tal, frágil.

Impossível não ver-se nele.

O Fenômeno nos acostumou a assistir suas vitórias dentro e fora do campo, vencendo lesões, incredulidade, chacotas. Mas ninguém vence sempre. E o tempo venceu Ronaldo.

O mesmo tempo que enlouqueceu meu pai, judiou do coração de minha mãe, mas que fez nascer meus dois filhos e fortalecer meus sonhos.

Diferente do jogador de futebol, nós que somos trabalhadores "comuns" morremos algumas vezes em nossa carreira, quando nos desligamos de uma empresa (por vezes no susto de uma notícia na sexta-feira à tarde) ou quando frustramos nossos projetos profissionais.

De comum entre nós e Ronaldo o mesmo choro sentido pelos tombos, quedas e derrotas. A mesma força impulsionando a não aceitar as lesões, as dores do copo e da alma.

Nem o tempo nos para. O máximo que o tempo consegue é nos dar uma pausa e nos obrigar a mudar os rumos da vida, dos planos, do ser.

Ronaldo, não precisa se desculpar de nada, a vida é assim: dura, seca, concreta... E nós somos lindos, por ser gente e de vez em quando, falhar.

#prasemprefenomeno

EDNALDO TORRES FELICIO
14/02/2011
15:38HS


03/02/2011

[DR. OSMAR] Uma Vergonha !


Essa saída precoce do Corinthians da Libertadores/2011, deve ser considerada uma vergonha. Que na verdade começou com aquele empate contra os reservas do Goiás, na última rodada do brasileirão de 2010. Esse Tolima que despachou o Corinthians é um time muito fraco, que não tem estrelas, não tem tradição e formado às pressas para este torneio. Desclassificar-se contra um time como esse, tem que ser mesmo uma vergonha.

Quem errou ? Todo mundo, menos o torcedor.

Agora é hora de juntar os cacos, mas não para remontá-los, mas para jogá-los fora. É a hora certa para se ver, quem serve e quem não serve, enxugar o elenco, tomar medidas administrativas urgentes, desde as categorias de base… enfim, reorganizar a casa.

Com a derrota de ontem, o Corinthians perdeu muito dinheiro, perdeu prestígio, peredu marketing , perdeu sonhos, só não pode é perder o rumo e o prumo. E tem que começar já no domingo contra o Palmeiras.

Mas há um serviço urgente , para ontem. Pedir desculpas ao torcedor. É ele quem está nas ruas, no trabalho, escutando as gozações de praxe. E se o time não reagir, o “bando de loucos” começa a perder a autoestima, o autoconceito, o orgulho próprio. Isso pode gerar desamor em alguns, desesperança em outros, depressão em um bocado e pior… revolta, e anarquismo não saudável.



05/01/2011

Tardes de infância

para minha amiga Andreia Barban e à ótima notícia que ela nos deu


Tardes da infância.
Estudava de manhã e vadia toda a tarde.
Poucos, raros amigos.

Tardes da infância
Deitado na cama da mãe
Entre um cochilo e outro

Olhava as cortinas da janela
Estufadas pelo vento
Tais quais travesseiros de ar

Era feliz
O sol doce aquecia meu corpo
e a brisa soprava minh´alma

Tardes de infância
Pernas magrelas enormes
Mãos cruzadas sob a nuca

E a sensação gostosa de vida inteira pela frente


EDNALDO TORRES FELICIO
05/01/2010

03/01/2011

Amou


Amava.

Amava muito.

Amor de fogo,
Amor de alma,
Amor de carne,
Amor de vida.

Amava.

Já não ama mais.

Sobrou carinho, rosas, vinhos e velas.

Sobraram olheiras, colheitas destroçadas, escombros e tumulto.

Amava. Amava de verdade.

Acabou.

(e tudo é silêncio)


EDNALDO TORRES FELICIO
02/01/2011

02/01/2011

A REDE SOCIAL


Meu primeiro filme de 2011 foi A REDE SOCIAL, do diretor David Fincher.

Bom filme, trilha bacana, diálogos e sequencias rápidas, como deve ser um filme sobre a net.

Sem spoilers, mas o personagem principal do filme é o atual heroi das empresas e do sistema capitalista: um cara predador, com grandes idéias, pouco caráter e claro, sucesso (ou imagem de).

Às favas com os escrúpulos! Amizade, bom senso, caráter fazem parte do dicionário dos derrotados. O Capitalismo se impõe com garras afiadas e se você não joga seu jogo é excluído.

E daí se traiu amigos, roubou idéias, tem caráter duvidoso se você é um bilionário?

Triste sistema capitalista que mostra do Homem o pior que existe nele, para inveja dos outros homens.

Conheci alguns tantos empresários assim. Pouquíssimos escrúpulos, alguma grana.

Mas quem se importa?

Veja o filme. Torne-se biolionário. Foda-se.


EDNALDO TORRES FELICIO