22/03/2008

FRASE

"O Brasil é o único País do Mundo em que puta goza, cafetão sente ciúmes, traficante é viciado e POBRE É DE DIREITA."
Tim Maia


21/03/2008

BLUES





Essa personagem de Os Simpsons disse num episódio: "O blues não foi feito para você ficar feliz, mas para as pessoas se sentirem tristes."
Excelente definição.


20/03/2008

Meu anjo


Tenho um anjo.
Não mora em minha casa,
Mas me sinto responsável por suas asas;

Tenho um anjo.
Não mora em minha casa
mas a alegria por tê-la em minha vida me faz feliz;

Tenho um anjo.
Nem é preciso ser gênio
Pra saber que é a Beatriz

Tenho um anjo.
E só estou vivo
Porque suas asas estão sob minh´asas;

Eu tenho um anjo.
E sou o pai mais feliz do mundo
Ainda que ela não more em minha casa...


EDNALDO TORRES FELÍCIO
20/03/08
poesia registrada

19/03/2008

HOra do almoço




Para meu amigo Marcelo Campineiro

Essa música do Belchior me lembrou Pessoa e esse poema lindo, que vimos com amigos numa peça há muito tempo, quando ainda tinhamos sonhos.

ANIVERSÁRIO
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui --- ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça,
com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado---,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa, No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...

Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...


Álvaro de Campos, 15-10-1929

14/03/2008

só para loucos em Curitiba




salve todos os loucos!



Só Para Loucos
Ventania

Só para loucos, isso é só para loucos...
Caretas não!
Só para loucos, isso é só para loucos...
Ahaaaa...

Colhendo cogumelos na varanda de cristal
A avenida paralela toma forma de aspiral
Colhendo cogumelos pra fazer um chá legal
Ficar muito louco curtindo um visual

Só para loucos, isso é só para loucos...
Caretas não!
Só para loucos, isso é só para os raros...

Confesso abestalhado nunca vi nada igual
O banheiro era refúgio, recanto espiritual
Lá em cima no instante que eu guardava livros raros,
em cima da mesa, perto do vaso
Colhendo sempre flores do espaço do universo,
espinhos do destino fazem parte dos meus versos

para minha querida Juliana Sousa

Quadrilha

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para o Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.


Drummond

07/03/2008

simples assim


Há dias em que não sinto forças para levantar. Simples assim.
Há dias em que não sinto nenhuma vontade de lutar. Não vejo sentido. Simples assim.

Minha filha cresceu. Encolhi.

Ela ainda precisa de mim? Como ajudá-la se não sinto vontade de sair da cama?

Amanhã tenho que encontrar parentes de minha esposa. Não queria, não quero. Não quero ver ninguém. Não quero fazer nada por ninguém. Eles não são minha família. O que é a minha família? Minha filha só me vê de quinze em quinze dias... é justo? Talvez não seja justo comigo, mas sei que é o melhor para ela. Ela prefere assim.

Ai saco, hoje é daquelas noites em que não me sinto útil para ninguém nem para nada.

Sei que estou passando por uma racaída da depressão. Um crise das crises intermitentes. Estou farto delas, mas cada vez que elas chegam, me sinto menos disposto a lutar contra elas.

Não sinto vontade de morrer. Apenas de ficar quieto.

Amanhã adoraria passar o dia com minha filha, somente com ela. Fazia tempo que ela não me via, mas tenho que ir a uma porra de um almoço com gente que não me pertence nem me importa.

O que aconteceria comigo se me jogasse dessa janela? Tá, machucados, ossos quebrados, hemorragia interna... e a morte. Mas... e daí? Será que eu pararia de sofrer?

Não posso fazer isso com minha filha. Esse é um pensamento que deve ser afastado.

No final das contas, amanhã cedo pegarei uma máscara no armário sujo e esconderei meus verdadeiros dramas, como tem sido desde que a depressão me derrubou. De máscara no rosto me protegerei da indiferença alheia.

Sabe de uma coisa? Vejo minha filha de quinze em quinze dias, não vou perder um desses dias sagrados para fazer média com ninguém (nem com minha esposa), não vou a porra de almoço nenhum e que se foda. Simples assim.

Amanhã vai fazer sol e vou aproveitar o sábado com a pessoa mais importante de minha vida. Minha filha. Simples assim.

03/03/2008

Augusta, Angélica e Consolação




Augusta, Angélica e Consolação
Tom Zé

Composição: Indisponível

Augusta, graças a deus,
Graças a deus,
Entre você e a angélica
Eu encontrei a consolação
Que veio olhar por mim
E me deu a mão.
Augusta, que saudade,
Você era vaidosa,
Que saudade,
E gastava o meu dinheiro,
Que saudade,
Com roupas importadas
E outras bobagens.
Angélica, que maldade,
Você sempre me deu bolo,
Que maldade,
E até andava com a roupa,
Que maldade,
Cheirando a consultório médico,
Angélica.
Augusta, graças a deus,
Entre você e a angélica
Eu encontrei a consolação
Que veio olhar por mim
E me deu a mão.
Quando eu vi
Que o largo dos aflitos
Não era bastante largo
Pra caber minha aflição,
Eu fui morar na estação da luz,
Porque estava tudo escuro
Dentro do meu coração.