13/03/2009

Lembranças de infância


Era eu menino. Muito menino. Acabara de ser alfabetizado.

Meu mano com idade mais próxima à minha era seis anos mais velho que eu. E ele tinha um livro de português...

Nas tardes enooooormes e vazias daquela Carapicuíba de ruas de terra, eu roubava seu livro e me esforçava para ler o livro que era para um série seis anos à frente da minha...

Como era difícil ler os contos, lia as poesias do livro. Foi assim que me tornei poeta.

Uma daquelas poesias, lidas nas tardes de chuva entre o jogo de botão e os carrinhos de plástico, reencontrei agora e descobri que é do genial MÁRIO QUINTANA.

Obrigado Mário, por preencher aquelas tardes distantes com sua poesia linda.

RECORDO AINDA

Recordo ainda... e nada mais me importa...
Aqueles dias de uma luz tão mansa
Que me deixavam, sempre, de lembrança,
Algum brinquedo novo à minha porta...

Mas veio um vento de Desesperança
Soprando cinzas pela noite morta!
E eu pendurei na galharia torta
Todos os meus brinquedos de criança...

Estrada afora após segui... Mas, aí,
Embora idade e senso eu aparente
Não vos iludais o velho que aqui vai:

Eu quero os meus brinquedos novamente!
Sou um pobre menino... acreditai!...
Que envelheceu, um dia, de repente!...

Mario Quintana


PS.: Na foto, meu mano correndo sobre a laje de casa

4 comentários:

P. disse...

grande Mário Quintana...

olhando a data reparei q hj é sexta-feira 13

Pensadora disse...

Que saudades da minha infância...
Da minha ingenuidade e inocência de criança...
Que bonitinha a foto!!!!
Parabéns pelo blog!
Criativo e inteligente.
Se puder ,visite o meu.
TE CUIDA!!
BOA SEXTA PRA TI!!!

Anônimo disse...

Esse poema é muito lindo. É assim mesmo, envelhecemos muito rápido,adquirimos experiências e responsabilidades, mas a criança sempre vai existir dentro de nós. Quaisquer momentos, seja através de um cheiro, um objeto ou outra coisa qualquer e ela retorna. Envelhecemos apenas o corpo.
Queremos um "colinho" em qualquer idade.
Beijinhos!!
http://www.cgfilmes.blogspot.com/

Talitha Borges disse...

Diga-me a tua infância e te diriei quem és.