20/11/2009

O MEDO e o Homem


O Medo andava de lado
olhava de soslaio
falava baixo
e se esgueirava pelas sombras;

O Medo caminhava elíptico
curvando sobre os pés
que se arrastavam
pesados;

O Homem, por sua vez,
titubeava no espaço
pálido, arredio, indeciso,
O Homem não tinha mira, nem seta.

Na rua morta,
O Homem encontrou o Medo e se encolheu.
O Medo sugou o Homem
à partir de suas mãos

O Homem deixou-se engolir:
pernas, braços, tórax
sonhos, amplidão e alma.

Até que não havia nem Homem nem Medo

Havia apenas o escuro
numa lacuna triste
daquilo que poderia ter sido, mas nunca foi.

Homem e Medo são hoje amálgama.


EDNALDO TORRES FELÍCIO

Um comentário:

Talitha Borges disse...

Só hoje?