16/07/2008

Mulher desnuda



Era casada. Não tinha filhos e quase não tinha marido.
Não consegui entender como alguém simplesmente não enlouquecia com aqueles seios exuberantes e aquela coxa morena e dormia como um tolo todas noites sem tocar a Deusa Morena... Mas enfim, talvez entendesse: eram casados há tantos anos que cada calcinha nova ou baby-doll transparente que ela usava para ele parecia mais uma piada de mal gosto do que uma tentativa desesperada de salvar um relacionamento.
De toda forma, eu não tinha nada a ver com isso. Ela era linda e carente. Seus cabelos negros pediam por um chamego e sua boca pedia qualquer tipo de excitação. Ela queria se sentir desejada de novo. Como se fosse apenas para provar-se diante do espelho de si mesma que ainda era Mulher e ainda provocava cobiça. Minha sorte é que ela estava tão cega que não percebia a multidão de homens que a seguiam tropeçando em toda a sensualidade que brotava de um corpo de seios grandes e bunda farta, uma daquelas mulheres que seus olhos não conseguem deixar de ver no meio de uma multidão. Não, eu não tinha nada a ver com sua delicada forma de sentir desejo, seu tesão recolhido e não disfarçado, sua luxúria travestida de ternura.
E ela não tinha nada a ver com o fato de eu ser um canalha. Típico poeta perdido de boteco, com sonhos guardados e uma porção de carícias na ponta dos dedos, daquelas que fazem virar os olhos das mulheres sensíveis e de libido fácil. Nas suas próprias palavras ela "casara com um bonzinho, mas queria na verdade um maldito". E o maldito era eu, por pura sorte (minha).
Enfim, depois de mais uma noite de negativa do marido (obrigado marido), ela aceitou meu convite. Trocamos tanta energia e ela gritou como há tempos não gritava e ela gemeu como há tempos não gemia e seu corpo moreno, refletido no espelho era todo tremor e querência.
Foi um despertar da Mulher escondida sobre os poros da epiderme arrepiada e um desnudar da roupa de esposa que escondia a Mulher.
Como bom canalha, sumi. Talvez tenha aberto caminho para outros poetas canalhas (e todos são canalhas) ou para o reencontro entre o marido bobo e a Mulher.
Não sei, não me importo. Ela me rendeu alguns delírios e um ponto
final
ou seriam
reticências...?


EDNALDO TORRES FELICIO
17/07/08
13:19hs

10 comentários:

Stanley Marques disse...

Puxa! Que texto! Colocaria reticências! Gosto deste estilo de texto, cuja continuidade fica por conta do leitor. Muito bom.

passa lá
http://www.antologiaracional.com/
parceria??

Fernando Gomes disse...

reticências totais..
cara.. demaaais..
gostei muito das descrições e a história no geral..

meus sinceros parabéns.

Jân Bispo disse...

não sei se é um conto erotico, se for parabéns impecavel, se não for parabéns ainda mais, pois tem um enorme talento, escrever conto erotico é bem complicado, tem que ser interesante, entusiasmante e não pode ser muito vulgar, seu texto, Conto é impecavel, parabpens, a história, a discrição tud! show!

Paulo Fontes disse...

q faixa preta?
http://computakipiada.blogspot.com/

Paulo Fontes disse...

Haha conto erotico na verdade nem consegui ler com akela foto das bundas brilhantes da mulher hehe
http://computakipiada.blogspot.com/

Anônimo disse...

gostei^^
pelo que vejo não é para ser uma historia erotica, e sim, uma historia sobre o bem de ser canalha, e de como o Marido é o culpado^^

Gostei do texto sim^^
De fragmento por fragmento, espero que me visite^^

Também sou poeta, mas não sou canalha rsrsrs
Apenas em meus devaneios na poesia^^

Abraços.

RJ disse...

cara, só elogios...
pela maneira de como vc soube escrever o conto, até sem figura a gente consegue imaginar esta deusa aí, heheh...

parabéns!!

Anônimo disse...

Gostei do texto. Muito bom Ed.
Vc continua escrevendo divinamente apesar das canalhices... rsrsrs

Anônimo disse...

valeu seu texto muito bom
mesmo nt 10

Talitha Borges disse...

Ed,
Curti o texto, gosto de elementos surpreendentes, como a sinceridade do canalha ao dizer q sumiu. Canalha sim, mas sincero. rsrsrrsrs
Valeu!