12/06/2009

ao som de Zé Ramalho

Fugiu para o bar
Qualquer lugar era melhor do que aquela familia
Gente com auréola na cabeça
Gente que não fuma, não bebe, não fode, não erra.
Gente que coloca máscaras de plástico na face
E exibe um sorriso cordial sobre a verdadeira careta de escárnio.
Gente que se pendura na porta do céu e esmola entrada no Éden.

Fugiu pro bar.
E lá estavam os derrotados da vida:
A puta louca, sorrindo desdentada,
O negro velho, solitário com seu trago de cachaça,
O bluesman bêbado e alterado,
O idiota tomando água pensando que era cerveja...
Tudo ao som de Zé Ramalho.

O Bar era o ponto de encontro dos tristes
E dos que se mostram sem máscara.
O Bar era o olho mágico da porta do purgatório.
De lá, podiam ser vistos os coxos sociais, os sujos, os esquecidos...
E por Deus! Eles pareciam mais honrados e lindos do que a família de auréola de vidro!

Entre um trago e outro percebeu, entretanto,
Que não fazia parte de nenhum dos dois mundos daquela noite:
Nem do umbral dos rejeitados, nem da núvem frágil dos pseudo-eleitos.
Não fazia parte de mundo algum.

Deu as costas a tudo
e continuou caminhando...
Sozinho.

EDNALDO TORRES FELICIO

2 comentários:

Unknown disse...

gostei,muito louco o texto!!!parabens e zé ramalho é ze ramalho

Erich Pontoldio disse...

Foda qdo se vive em um mundo cor de rosa irreal e hipócrita ... cada um tem que achar o passo certo para o mundo que pertence.