30/12/2007

Conto de reveillón

Se detestava cada vez que pensava nela.
Se detestava cada vez que imaginava o cheiro do corpo dela, o gosto da carne dela, a bunda dela na mão dele.
Tinha se detestado muito nos últimos dias...
Tinha enlouquecido de desejo e desilusão no útlimo encontro, tinha esquecido de como era ruim aquela sensação no peito, corroendo o amor-próprio, corroendo o próprio encanto.
Afinal, o que era ela em sua vida? Ou o que era sua vida sem ela?
Sabia que ela conhecera outras camas em outros sonhos. Sabia que ele era, dela, o pesadelo. Sabia que ela era, dele, a insônia.
E ele caminhava sozinho pela Rua Augusta. E ele tinha devaneios e mal via as mesas dos bares, espalhadas pelas calçadas sujas. E ele era um louco urbano pensando nela nela nela nela nela.
Foi perto do Vitrine, que viu a Outra. Talvez um pouco menor, talvez um pouco mais magra. Não tão bela. Mas servia. 100 pratas. 100 pratas. Sem perguntas. Sem romance.
No Hotel Savoy, ele torceu para que Ela encorporasse na Outra. Para que a Outra gemesse como Ela, para que Ela não fosse outra. Claro que não deu certo.
Ele se detestou e continuou animalesco, afinal, se não era Ela, a Outra lhe garantiria ao menos o gozo...
A noite de Ano Novo não livrou-lhe, afinal do velho fantasma: O velho maldito amor.



EDNALDO TORRES FELÍCIO
São Paulo, próximo à noite de reveillón

11 comentários:

Zanfa disse...

Muito bacana o texto.

Amores de ano novo deixam saudades mesmo.

Victor Signorelli disse...

Novamente um texto lgl, já comentei aqui antes, axo, e gostei mto do blog.
parabens

Victor Signorelli disse...

Realmente gostei .. bem lgl seus textinhos..
Se puder... dê uma passada no meu blog..

http://bycohen.blogspot.com/
obrigado.

Anônimo disse...

Putz, que texto pesado, cara. Mas muito bom. Achei genial o detalhe de você se referir a outra sempre com maiúscula (Outra, Ela)...toque de gênio.

Leandro Bastos disse...

olá! gostei bastante do texto. saudades amarosas descritas de uma maneira irreverente. ^^

cara, chuck berry é o pai do rock pra mim. não podia começar o blog diferente. Abraço :]

Eduardo Franciskolwisk disse...

Não sei se entendi bem... ele tinha se apaixonado por uma prostituta? e a outra não servia?


http://franciskolwisk.blogspot.com/

Jeffmanji disse...

O texto é bacanunha, embora não tenha entendido algumas coisas.
Felz 2008!

Anônimo disse...

oiiiiiiiiiiii
vlw plea visita no blog lah
adorei teu blog
t+

Anônimo disse...

uma coisa
the doors eh mto bom
e respondi no blog o seu comentario
visita lah e tbm v o conto q acabei d fazer
se não gostar pod falar

Cassiana =] disse...

Ela, ela... é muito difícil substituir uma pessoa por OUTRA! Eu diria quase impossível... Principalmente se a amamos!
Que com o Ano Novo, se renovem os amores =]

Nana Lopes - @Nanamada disse...
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